Necrológio
R$54,90
Pedro Sasse
Do vencedor do Prêmio LeBlanc de melhor ficção especulativa 2022, chega Necrológio, uma jornada intensa e poética sobre luto, perdas e solidão em pleno reino dos mortos. Em sintonia com a tradição do gótico, e em diálogo com referências que vão de A Divina Comédia a Sandman, passando pelos mais diversos mitos do pós-morte, este romance definitivamente te fará pensar se você realmente está sozinho enquanto o lê.
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Para muitos e muitas de nós, amar é uma condenação. Quando amamos alguém — quando um sentimento mais forte do que a nossa vontade nos acorrenta a uma pessoa —, sabemos, lá no fundo, que estamos em apuros. Porque este sentimento vai necessariamente nos levar à solidão. A vida ou a morte vai nos separar, pois nascemos e morremos sozinhos. Uma perspectiva assim já seria suficiente para nos aterrorizar, mas encontramos um jeito de nos distrair dela. O próprio amor parece nos tornar invencíveis, imortais, até que a ceifadora dê as caras macilentas para nos colocar no devido lugar.
No entanto, a possibilidade de existir um “além” pode ser mais apavorante do que deixarmos quem amamos para mergulhar no nada. Pois imagine: depois de atravessarmos o véu da morte, a pessoa amada se torna inalcançável. E nós a acompanhamos em silêncio, incapazes de intervir quando os perigos da vida se impõem. Essa tensa perspectiva é a força motriz de Necrológio, de Pedro Sasse. As duas protagonistas desse assombroso romance estão cada uma de um lado do véu. Cali é a mãe recém-falecida que luta para entrar em contato com Luanda, sua filha pequena. Ela perambula pelo Sheol, termo hebraico que designa a dimensão dos mortos e é aqui encenado como uma espécie de mundo invertido. Já Íris é uma médium que permanece no mundo dos vivos, mas vive atormentada pelo espírito do Enforcado. Conduzidos por elas, os dois ramos desta narrativa acabam por se entrelaçar. As fronteiras se borram, o que permite a monstros dos dois planos invadi-los.
Em sua estrutura, Necrológio também apresenta limites difusos. O mundo secundário do Sheol remete à fantasia — bastante sombria, mas fantasia, ainda assim. As cenas macabras e as monstruosidades convocam o horror, e a estilística de Sasse revela sua paixão pelas histórias góticas, que também constituem seu objeto como pesquisador. A este conjunto, soma-se uma boa dose das velhas mazelas de nosso país: pelas páginas do livro também perambulam vítimas do genocídio da população negra, da ditadura, do fanatismo religioso e da mentalidade escravocrata que ainda persiste em nosso tecido social. Eis a dolorosa atualidade da obra; por outro lado, a jornada de Cali e Íris nos leva longe, para A Divina Comédia, e além. Um além que, graças ao talento de Pedro Sasse, raras vezes foi tão fascinante.
Oscar Nestarez
Pedro Sasse é carioca, doutor em Literatura pela UFF, escritor e editor. Publicou A nova América (Pará.grafo, 2021), vencedor do prêmio LeBlanc 2022 na categoria “Romance inédito de fantasia, ficção científica ou terror”, e Sonhos de vidro em sombras de concreto (Acaso Cultural, 2022). Atualmente pesquisa ficção distópica e pós-apocalíptica em perspectiva intermidiática, colocando sempre em diálogo a produção acadêmica e a escrita de ficção.
ISBN: 978-65-85122-15-3
Formato: Brochura
Tamanho: 14 x 21 cm
Número de páginas: 378
Informação adicional
Peso | 540 g |
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Dimensões | 14 × 21 × 2,2 cm |
Gênero | Fantasia, terror |