Elsa & Helena (e-book)
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de Gastão Cruls
UM SUSPENSE PSICOLÓGICO NO FLORESCER DA PSIQUIATRIA MODERNA
Narrado a partir do manuscrito de confissão do interno de um sanatório, Elsa e Helena reinventou, no começo do século XX, as típicas histórias de roubo de identidade. Por meio de seu irmão, Alexandre conhece Elsa, por quem se apaixona. Inteligente e bem articulada, Elsa, no entanto, mostrava um temperamento oscilante, no qual, por vezes, “à mulher caprichosa e sedutora, se substituía a antiga e ingênua colegial, ainda cheia de timidez e angelitude sem par”. Já nos preparativos para o casamento, é esse último comportamento que prevalece em Elsa. Ao desvendar o segredo por trás do desaparecimento do lado sedutor que tanto o atraíra, Alexandre se deparará com o dilema que o levará, mais tarde, às raias da loucura: até onde um homem é capaz de ir para saciar os seus desejos?
com Prefácio de Auterives Maciel Júnior
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Reedição de um clássico de Gastão Cruls, com Prefácio de Auterives Maciel Júnior
A trajetória de Gastão Cruls no campo da criação literária é particularmente notória. Sua produção foi prolífica nas diversas áreas de conhecimento exploradas na primeira metade do século XX, revelando uma espécie de resistência à constante especialização nos discursos letrados da época. Durante as primeiras décadas de 1900, “Homens de Letras” e “Homens de Ciência” travaram um embate pela localização de seus saberes, seccionando a imagem do antigo erudito multidisciplinar em facetas distintas de atuação.
O que cabia ao “literário” e aquilo que era relegado ao “científico” deveriam ser divorciados, a fim do estabelecimento de uma ordem metodológica. Cruls, no entanto, em sua aguçada curiosidade, transbordou propositadamente através das linhas da ficção sua experiência como médico, etnólogo, historiador e amante da literatura. Sua capacidade de circular pelos meios letrados e científicos com desenvoltura possibilitou a composição de romances, contos, ensaios e estudos multidisciplinares. É do fortuito encontro entre psicanálise e suspense fantástico que nasce Elsa e Helena.
Publicado originalmente em 1927, período em que Gastão Cruls se afastava da atuação na área da saúde e era cada vez mais atraído pelas linhas da ficção, prepondera na obra do autor um interrogatório sobre sociedade, doença, diagnóstico e psique humana. Cruls inaugura a temática do inconsciente e da libido freudianos na literatura fantástica brasileira, tomando os estudos que anteriormente eram discutidos apenas por especialistas da área e transmutando-os em material palatável ao leitor. Utilizando-se do aval da ficção, as questões psicanalíticas metamorfoseiam-se no estopim de uma trama de mistério, romance e subversão dos motes tipicamente familiares aos casamentos na década de 20.
As núpcias de Elsa e Alexandre, nossos protagonistas, são aterrorizadas pela presença sombria de Helena, uma anti-heroína sedenta por liberdade e prazer. Partindo de uma narrativa fantástica, a trama de Cruls se revela também como uma discussão histórica sobre moralismo, performances sociais, sexualidade, casamento e saúde psíquica.
A figura do indivíduo consumido pelas sombras da mente, como a de Henry Jekyll em O médico e o monstro, adquire novos contornos nas mãos de Cruls. Em seu romance, médicos e criaturas são substituídos pelo protagonismo de um novo ser: o paciente. O sofrimento psíquico, a sedução do desejo, além da paranoia social, são alguns dos elementos que transcendem a historicidade da narrativa e nos provocam a ecoar sua atemporalidade.
Apesar de fictício, o caso de Elsa e de Helena nos faz um inebriante convite a uma jornada pelos divãs do Brasil da primeira metade do século passado, desvelando uma análise das heranças inconscientes de nossa sociedade moderna. Mais uma vez Cruls presenteia seus leitores com um delicioso enlace entre medicina, sociedade, ciência e humanidade.
Texto por Vitor da Matta Vivolo
Gastão Cruls nasceu em 4 de maio de 1888, no alto do morro do Castelo, no observatório astronômico construído ali, onde seu pai trabalhava e morava com a família. Em 1905, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas, como costumava dizer, faltava-lhe vocação para o exercício da profissão. Seus primeiros contos foram publicados entre os anos de 1917 e 1919, à sombra da Grande Guerra, na Revista do Brasil, sob o pseudônimo de Sérgio Espínola. Entre as coletâneas de contos que publicou, estão Coivara (1920), Ao embalo da rede (1923) e História puxa história (1938). Gilberto Freyre o considerava um “mestre do conto psicológico”, e seu nome apareceu em todas as antologias de contos de autores brasileiros da primeira metade do século XX. Nos anos de 1930, Cruls uniu-se ao crítico literário Agripino Grieco na criação da Ariel Editora. Com o amigo e sócio, ele foi o responsável por lançar ou consolidar a carreira literária de autores importantes do chamado “romance de trinta”, como Jorge Amado, com Cacau (1933), Graciliano Ramos, que publicou S. Bernardo, em 1934, e Cornélio Penna, com seu livro de estreia, Fronteira (1935). Cruls também foi diretor da revista O Boletim de Ariel, que circulou entre os anos de 1931 e 1939. Além das obras publicadas pela própria editora, O Boletim de Ariel divulgava lançamentos no Brasil e no exterior e trazia novidades do “mundo das letras, das ciências e das artes”.
Informação adicional
Peso | 280 g |
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Dimensões | 14 × 21 × 1,3 cm |
Formato | Digital |
Gênero | Suspense |