Pátria armada: retratos de um Brasil distópico (e-book)
R$24,90
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Uma família separada pela morte, um herdeiro do Cobrador fonsequiano, uma incursão policial no morro, trabalho forçado no interior do país, o assassinato de uma travesti, uma cidade em permanente escuridão, a lenta e dolorosa perda das condições mínimas da dignidade humana, as muitas dores da pandemia. Mesmo que o tema seja um só, as formas de abordá-lo ao longo do livro não deixarão o leitor com a sensação de uma leitura redundante. São histórias que comovem, que horrorizam, que nos fazem pensar. São vozes doces, ásperas, contundentes, irônicas; personagens trágicos, heroicos, monstruosos; textos diretos, experimentais, densos, rápidos como um soco. Ainda que a natureza do tema faça o leitor virar a cara para uma ou outra abordagem, ninguém sairá de uma leitura de Pátria armada da mesma forma que entrou. E talvez, ao levantar os olhos do livro, o Brasil visto também já não seja o mesmo.
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Gênero | Distopia |
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ISBN | 978-65-994968-7-5 |
Páginas | 251 |
Em janeiro do ano retrasado alcançamos 100 anos da morte de George Orwell, vivendo em um país para o qual distopia já não é sinônimo de ficção. Não sabíamos, contudo, que poderia piorar, e muito. Hoje, mais de meio milhão de mortes depois, diante de escândalos que vão de negligência a corrupção, vivemos na mais absurda das realidades. O verde e amarelo da bandeira de que tanto se orgulham foram manchados pela lama dos desastres ecológicos, pelas cinzas das queimadas, pelo vermelho da brutalidade policial. E, hoje, vestem o negro do luto.
Bilionários enriquecem enquanto o país retorna ao mapa da fome. Cogita-se dar restos de comida aos pobres. Muitos voltaram a cozinhar com fogão de lenha e milhares sofreram sérias queimaduras cozinhando com álcool. O emprego é escasso, as condições, ultrajantes. E enquanto o mercado informal se disfarça de empreendedorismo, a luta desesperada pela sobrevivência ganha ares de exemplo de força de vontade a ser seguido por todos. As grandes empresas se colorem de inclusividade enquanto apoiam a precarização dos direitos trabalhistas. Triunfa o antiintelectualismo. O negacionismo. O fundamentalismo. O preconceito.
Diante desse cenário desolador, a Acaso Cultural resolveu organizar a coletânea Pátria armada: retratos de um Brasil distópico para registrar as múltiplas facetas da opressão, da violência, da ignorância e da miséria que assolam o país. Não se trata, aqui, de distopias no sentido orwelliano, de sociedades imaginadas, governos ficcionais, alegorias políticas. Trata-se, infelizmente, de um Brasil terrivelmente familiar, em que, talvez, qualquer fabulação distópica acabasse, paradoxalmente, mais amenizando que aguçando nossa percepção sobre a dor e o luto que pairam sobre nós.
Para encontrar os responsáveis por retratar esse panorama sombrio do país, fizemos uma seleção com mais de uma centena de candidatos, chegando, no final, a 22 selecionados. Contando com vozes de diferentes origens, diferentes escritas e diferentes realidades sociais, nossos vinte e dois autores nos conduzem da violência urbana ao espaço onírico, do drama familiar ao confronto armado, da esperança à desilusão. Alguns são veteranos na literatura, ganhadores de prêmios e cheios de publicações. Outros, estreantes nada tímidos no mercado literário. Ensino, jornalismo, tecnologia da informação, artes plásticas, publicidade, rap, advocacia, gestão ambiental, atuação, tradução, eletrônica, escrita. São muitos os caminhos trilhados, mas um destino em comum: a paixão pela escrita e um olhar afiado para nossa realidade.
Autores: Ademir Aguilar; Aldenor Pimentel; André Eitti Ogawa; Ártemis; Carolina Walliter; Daniele de Deus; Danilo Seraphim; Davi A. de Oliveira; Eugênio Borges; Gija; Henrique Ranieri Cristovão; Josiel Salvador de Lima Silva; Mão Negra; Marcelo Bizerril; Mila Gomes; Rafael Lima; Renan de Oliveira; Rodrigo Ortiz Vinholo; S.; Samuel Serres; Werner Vilaça Borges; e Zedebri.